segunda-feira, julho 24, 2017

Um título inesperado...


Desde quando minha filha Claudia era adolescente, pelos idos de1980,  e abandonou o piano pelo Handebol,  é que a acompanho em treinos e jogos e dai a entender um pouco das regras e me tornar uma torcedora foi um passo. Nesse tempo, o time do Paraná, numa disputa nacional com ela participando, trouxe o troféu para os paranaenses, num jogo disputado em Belém do Pará. Cláudia também, já  formada em Comunicação Social, resolveu então cursar Educação Física e, depois de alguns vai-e-vem, já casada, formou-se e, desde então trabalha como professora nessa área.

Esse gosto pelo esporte ela passou para a filha, Jessica que também desde pequena mostrava gosto por praticar esportes e optou também pelo handebol. Aí foi a vez da Cláudia acompanhá-la aos treinos e jogos. Jessica escolheu estudar Direito e, entrando na Universidade Federal já se enturmou com os desportistas e passou a fazer parte do time de handebol,  tendo sido convocada  para participar dos Jogos Jurídicos Estaduais, que, naquele ano de 2014, se realizaram em Guarapuava. Fui convidada a acompanhá-las e não me fiz de rogada: queria ver o desempenho da minha neta e assistir o desenvolvimento  das disputas.

Gostei muito, fui a todos os jogos , ficava perto da torcida e me encantava com o entusiasmo e vibração  da moçada torcendo pelos seus times. Havia todo um ritual,  tinham uniformes distintos como de praxe, muitos ditos com que incitavam o próprio time  ao ritmo da bateria e uma coreografia  alegre que usavam durante o barulhão da bateria e dos gritos de ordem.

Gratificava-me ver tantos jovens envolvidos e empolgados com esporte e não em brigas e drogas como se vê nos noticiários de TV e no diuturno das cidades.
Torcia junto  e também gritava aplaudindo os ataques e os gols. Isso aconteceu até este ano, quando, novamente, as acompanhei aos Jogos Jurídicos, dessa vez, em Maringá. Cláudia e eu sempre ficávamos em  hotéis e a Jessica nos alojamentos para os atletas, com todos os jovens

No sábado, 17 de junho,  as atletas da Federal foram para a semi final, enfrentando um time de Maringá. Normalmente entravam todos juntos, era bonito de ver a chegada da Torcida e Bateria mas, naquela manhã,  não estavam ali porque começaram antes, participando deum jogo dos meninos, num outro estádio, e chegariam mais tarde.
A Torcida e a Bateria do outro time aproveitaram e caíram firmes sobre as nossas jogadoras, com gritos de ordem e epítetos não muito elegantes, e percebí que elas sentiram, porque amoleceram e deram espaço para as adversárias que começaram a se impor.

“Meu Deus, e agora? Elas vão perder esse jogo!” e eu olhava para a entrada do estádio, querendo ver a “nossa” bateria chegando , e nada!.

O jogo já estava quase no final do1º tempo quando começaram a chegar, cansados,  e foram tomando seus lugares, ainda sem tomar ciência do clima e da situação...eu em agonia...

Há que esclarecer que eles eram levados  de ônibus ”prá lá e prá cá”, onde houvesse jogos da Federal , e tinham de esperar terminar um para passar para outro e começar então o estardalhaço  para ajudar este novo jogo.

De repente começaram , para minha alegria, com a barulheira infernal dos surdos, tambores, caixas , chocalhos e outros mais e surpreendentemente, abafaram a outra bateria e tomaram as rédeas da torcida, com gritos e frases ao ritmo da bateria incitando as atletas. Sem exagero acho que eram perto de uns cem jovens. As outras baterias não eram menores e faziam, juntas, grande estardalhaço.

Por incrível que pareça, o time reagiu, diminuiu a diferença e começou a ganhar, para nosso delírio. A essa altura eu já acompanhava a torcida na gritaria e evoluções, e finalmente, por uma pequena margem de gols, GANHAMOS o jogo!!! Foi uma linda vitória e todos os jovens da arquibancada se abraçavam, alegres, pulando.

De repente, a coordenadora da Bateria e Torcida veio avisá-los que se preparassem para ir para outro local, novamente ajudar outro time da Federal. Percebi o cansaço da meninada e não resisti...

Eu estava bem perto da coordenadora e daí cheguei até ela, que falava, e lhe pedi o microfone. A jovem me olhou espantada e, meio automaticamente me entregou o microfone. O grupo de jovens que estava perto dela me olhava surpreso e daí, comecei a cumprimentá-los, dizendo que era deles a metade da vitória do time que estava perdendo antes deles chegarem, e que criaram ânimo com o incentivo deles, e diziam: “Coragem, moçada, parabéns! Vocês são muito importantes! Graças a vocês o time ganhou! Vamos em frente! Parabéns!”

Eles surpresos, me olhavam sorrindo.. Eu lhes acenei e voltei-me para acompanhar os assistentes que saiam da arquibancada, quando, inesperadamente, a bateria começou a tocar e daí, fui eu que me surpreendi...Num barulho ensurdecedor, eles começaram, ao ritmo da bateria, a clamar:

-  PUTA QUE O PARIU!!! É A MELHOR AVÓ DO BRASIL!!!

Eu ria, enquanto eles vinham me abraçar, me rodeando e pulando à minha volta. FOI LINDO !!! E a frase retumbando no estádio...

Como avó de cinco netos, foi o título mais importante que recebi, e do qual muito me orgulho...






Um comentário:

Sonia disse...

Adoro a sua maneira de ver e viver a vida! Através dos lindos jovens das nossas vidas, estreitamos nossa amizade, que honra a minha poder lhe conhecer!
Um beijo querida e parabéns pelos lindos textos!!!