domingo, março 04, 2007

Dêem Árvores ao Brasil!

Imagem: http://www.artefotos.fot.br

Ultimamente os noticiários da televisão e dos jornais tem se ocupado exaustivamente em, além das tragédias citadinas do dia a dia, que já são suficientes para nos perturbar a pouca paz que desfrutamos, insistir num alerta ecológico sobre cataclismas: degelos, furacões, tsunamis, inundações, ondas de calor, desertificação, enfim , a revolta da natureza às investidas predatórias da humanidade.

Toda essa preocupação da mídia é muito louvável no sentido de orientar e educar a população no respeito à natureza, mas há que se cuidar para não se transformar tal orientação numa fonte de pânico permanente, especialmente para os jovens.

Que mundo estamos deixando para eles?

É importante que se oriente, mas que também se mostre que alguma providencia está sendo tomada e o que tem sido feito para minimizar as catástrofes inevitáveis que vem por aí, o trabalho dos cientistas e do setor responsável por essa área dos governos mundiais, para que eles vejam que algo está sendo feito pela preservação da humanidade.

Esse é um tema antigo, já defendido há muito por ambientalistas de renome que, esgotados de tanto alertar, roucos de tanto gritar por ações verdadeiramente eficazes, vêem agora suas predições se aproximando assustadoras e implacáveis.

Vendo todo esse clima se instalando a minha volta, lembrei-me que, cinqüenta anos atrás, quando eu era uma jovem estudante, no Rio de Janeiro, então Capital Federal, nos idos de setembro de 1956, participei de um concurso promovido pelo DIÁRIO CARIOCA, que tinha Danton Jobim como redator chefe (edição 8730) e que se intitulava: “DÊEM ÁRVORES AO BRASIL”.

Estudava num modesto colégio municipal, o Colégio Municipal Paulo de Frontin, e consegui ficar em 2º. lugar, entre o super colégio da Zona Sul, o Anglo Americano (lo. lugar) e o afamado e poderoso Colégio Dom Pedro II (3º. Lugar).

A festa no meu colégio foi grande, pois conseguimos aparecer em meio a dois grandes bastiões da educação daqueles tempos, e recebi muitas homenagens dos colegas e professores.
Lembrando-me de tudo isso, especialmente do tema do concurso, agora tão em evidência, fui procurar o recorte do jornal, guardado por mim há tantos anos, e surpreendeu-me até o quanto ele está atual, como o alerta e a preocupação são os mesmos e como são os mesmos também o descaso e a indiferença...

Cinqüenta anos se passaram... e o que se tem feito a não ser destruir e devastar a natureza?

Vou transcrever aqui a íntegra do texto que foi publicada pelo DIÁRIO CARIOCA, cujo recorte guardo até hoje com muito zelo, mas também com muita tristeza com a constatação que a minha geração, apesar de já estar ciente do problema, nada fez para reverter a situação que poderia já estar bem diferente. Perderam-se estes cinqüenta anos... que lástima!...

E agora?...E agora?...

Imagem: http://fcbs.org

CONCURSO “DÊEM ÁRVORES AO BRASIL”
(1956)
Walkyria Ricci Gaertner
2º. Prêmio da 2ª. Série colegial
Colégio Municipal Paulo de Frontin

TEMA: “A importância das florestas”

Um país rico em florestas é um país milionário, ao menos potencialmente.

O mundo não pode prescindir delas. Voltando-nos para o passado, veremos que as grandes jazidas atuais de carvão são as causadas pelo soterramento de florestas ante-diluvianas. Da mesma forma o petróleo, tão necessário à economia mundial, é extraído de regiões férteis da pré-história.


São as florestas que saneiam a atmosfera, e aí está sua maior utilidade ao homem. Tenhamos terras insalubres e lá estarão elas a purificar o ar, livrando-o dos gases venenosos.


O Brasil, desde a sua descoberta, maravilhou os europeus pela profusão e variedade de sua vegetação, e época houve, não muito distante, que sua maior produção, sua principal fonte de divisas estava na árvore da borracha, que medra extensivamente por toda a região Norte do país.


O estado do Maranhão, ainda hoje, tem na extração do côco babaçu sua maior fonte de riquezas, e já foi provado que a casca desse côco é um excelente carvão vegetal, e que só com os babaçuais da Ilha do Bananal se poderiam alimentar todas as estradas de ferro do mundo, por cem anos sucessivos.


E isso são pequenos exemplos do que representam as florestas para a economia brasileira ! É flagrante e vital, constituem inesgotável fonte de divisas.


Explorando e fomentando o reflorestamento, estaremos garantindo à nossa terra um lugar de destaque na economia mundial.


O Brasil precisa das florestas e nós, brasileiros, principalmente nós, estudantes, precisamos conhecer esse problema e dar a ele todo o apreço e atenção, pois sabemos que até o nome de nossa terra é devido às nossas árvores, como muito bem conta o poeta CASSIANO RICARDO:

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“Mas, como houvesse abundância
De certa madeira cor de sangue, cor de brasa
E como o fogo da manhã selvagem
Fosse um brasido no carvão noturno da paisagem
E como a terra fosse de árvores vermelhas
E se houvesse mostrado assaz gentil
Deram-lhe o nome de BRASIL

BRASIL cheio de graça!
BRASIL, cheio de pássaros!
BRASIL, cheio de luz!”

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