terça-feira, fevereiro 09, 2016

Estão faltando mães neste país... (1)


  Que as mulheres me perdoem... Esta é uma verdade atordoante e impossível de se ignorar, mas é importante se refletir sobre isso.

A humanidade não consegue acompanhar a velocidade com que o mundo se desloca e vão ficando falhas irreversíveis pelo caminho que resultam na degeneração dos comportamentos mais primários e, a meu ver, uma das causas é essa falta nos lares.

Nos últimos oitenta anos as mulheres alcançaram uma evolução tão rápida que nem elas mesmas estão conseguindo administrar.  Repentinamente se descortinaram novos horizontes e possibilidades e, de repente, as mulheres que antes nem eram alfabetizadas ou podiam votar, conquistam uma liberdade quase assustadora. De domésticas submissas ao senhor marido todo poderoso a quem nem tinham o direito de escolher, chegam impávidas a todos os setores: são empresárias bem sucedidas, advogadas, engenheiras, médicas e atuam em todas as áreas profissionais.

Não que eu concorde, em absoluto, com a maneira como eram as coisas até então, mas o deslumbramento pelas novas fronteiras fez com que perdêssemos o foco principal e tão importante, primordial, que é o papel das mulheres no lar e na formação dos filhos, e o que se vê hoje em dia, na maioria das vezes, não é nada mais que o resultado dessa mudança abrupta de rota.

          Não sou retrógrada, só acho que, nessa ligeireza, se perderam as medidas e os limites.

          É maravilhoso ver os avanços e os resultados da participação das mulheres em todos os setores da sociedade e me congratulo realmente com as que conseguem chegar a tais níveis, mas alguma coisa ficou a desejar, tenho certeza.

É um tema que já tem sido muito debatido, mas não solucionado. Não se tem dado a ele a verdadeira importância, ou é muito profundo e audacioso para se mexer, implicando em reformas imensas, ou não se tem encontrado uma solução que satisfaça as partes: mães, filhos e sociedade.                                            
As mulheres, na ânsia de contribuir com mais recursos na manutenção da família, na ânsia de dar aos filhos todas as maravilhas do progresso e do consumismo, o que já demonstra uma necessidade de compensação, abriram mão de sua presença em casa e não tem mais consciência da importância disso e do tamanho do “rombo” que isso representa na formação do caráter e comportamento dos filhos.

          É lógico que há casos e casos... Muitos lares contam apenas com elas para sua manutenção, ou arcam sozinhas com o compromisso de filhos e casa, e ainda respondem por jornada tripla ou quádrupla de trabalho (esposa, mãe e dona de casa ou esposa, mãe, dona de casa e profissional). Heroínas...

          Mas a presença da mãe, quando os filhos estão na infância ou adolescência e precisam de uma orientação, é fundamental. É importante que eles sintam que ela ali está enquanto estão fazendo as tarefas escolares ou estudando para uma prova. Ela está ali, acompanhando, próxima, apoiando. Ela os leva nas reuniões e assiste as festas da escola, cobra desempenho escolar, impõe limites e constrói caráteres, dando-lhes noções de ética e comportamento,  formando cidadãos. Heroínas...

          Para isso, entretanto, é preciso que elas também tenham tido essa formação e tenham consciência disso. As jovens de hoje já não sabem da grande importância que é ser mãe e educadora ou não querem saber, e estão meramente preocupadas em ter um diploma e se assegurar numa empresa de renome, fazendo por merecer salários que lhes permitam uma vida de conforto e tranquilidade. Isso é importante e meritório também, mas...

          É aí, no caminho normal da vida, na mocidade, ante o desabrochar de um amor que leva fatalmente à possibilidade da maternidade, que aparecem as dúvidas nas jovens e elas se veem  perante uma decisão difícil –- criar ou não uma família—e o descompasso que se cria ante essa indecisão muitas vezes termina em separação ou ruptura de ideais, às vezes  levando a uma frustração permanente, lá adiante, pela escolha errada.

          A “encruzilhada” então é terrível e, talvez por isso, até hoje é relegada para o futuro resolver: ser mãe ou ser uma profissional de sucesso, eis a questão.                                                

          Essa escolha, entretanto, implica numa renúncia e isso é difícil se aceitar. Renúncia é uma palavra que não deveria existir e uma atitude que não se aceita com facilidade                                  

          Então fica tudo “embolado” e vai-se tocando assim: carreira atropelada, sem tempo para aprimoramento e pesquisas, e crianças entregues aos cuidados de empregadas ou a cursos sem fim, que lhes tome todo o dia e que encontram, à noite, mães cansadas que mal lhes dão atenção.        

          O comportamento das crianças nas escolas, hoje em dia, é o reflexo disso. Crianças agressivas, que demonstram contra os professores a falta que sentem dos limites e da  atenção em casa...

          Faltam escolas bem estruturadas e professores preparados para vencer esse desafio. O que se vê hoje são professores inseguros e desmotivados, assustados com o rumo que a educação vem tomando, com programas antiquados e cansativos, matérias sem objetivos bem definidos e  o magistério é atualmente uma das carreiras menos procuradas. Por quê?

          Daí, essa importante tarefa de atender as crianças é delegada às avós, quando existem, e felizes são os que ainda ficam aos cuidados delas...


          Walkyria Gaertner Boz Curitiba, 9 de julho de2015.

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