segunda-feira, julho 24, 2017

Um título inesperado...


Desde quando minha filha Claudia era adolescente, pelos idos de1980,  e abandonou o piano pelo Handebol,  é que a acompanho em treinos e jogos e dai a entender um pouco das regras e me tornar uma torcedora foi um passo. Nesse tempo, o time do Paraná, numa disputa nacional com ela participando, trouxe o troféu para os paranaenses, num jogo disputado em Belém do Pará. Cláudia também, já  formada em Comunicação Social, resolveu então cursar Educação Física e, depois de alguns vai-e-vem, já casada, formou-se e, desde então trabalha como professora nessa área.

Esse gosto pelo esporte ela passou para a filha, Jessica que também desde pequena mostrava gosto por praticar esportes e optou também pelo handebol. Aí foi a vez da Cláudia acompanhá-la aos treinos e jogos. Jessica escolheu estudar Direito e, entrando na Universidade Federal já se enturmou com os desportistas e passou a fazer parte do time de handebol,  tendo sido convocada  para participar dos Jogos Jurídicos Estaduais, que, naquele ano de 2014, se realizaram em Guarapuava. Fui convidada a acompanhá-las e não me fiz de rogada: queria ver o desempenho da minha neta e assistir o desenvolvimento  das disputas.

Gostei muito, fui a todos os jogos , ficava perto da torcida e me encantava com o entusiasmo e vibração  da moçada torcendo pelos seus times. Havia todo um ritual,  tinham uniformes distintos como de praxe, muitos ditos com que incitavam o próprio time  ao ritmo da bateria e uma coreografia  alegre que usavam durante o barulhão da bateria e dos gritos de ordem.

Gratificava-me ver tantos jovens envolvidos e empolgados com esporte e não em brigas e drogas como se vê nos noticiários de TV e no diuturno das cidades.
Torcia junto  e também gritava aplaudindo os ataques e os gols. Isso aconteceu até este ano, quando, novamente, as acompanhei aos Jogos Jurídicos, dessa vez, em Maringá. Cláudia e eu sempre ficávamos em  hotéis e a Jessica nos alojamentos para os atletas, com todos os jovens

No sábado, 17 de junho,  as atletas da Federal foram para a semi final, enfrentando um time de Maringá. Normalmente entravam todos juntos, era bonito de ver a chegada da Torcida e Bateria mas, naquela manhã,  não estavam ali porque começaram antes, participando deum jogo dos meninos, num outro estádio, e chegariam mais tarde.
A Torcida e a Bateria do outro time aproveitaram e caíram firmes sobre as nossas jogadoras, com gritos de ordem e epítetos não muito elegantes, e percebí que elas sentiram, porque amoleceram e deram espaço para as adversárias que começaram a se impor.

“Meu Deus, e agora? Elas vão perder esse jogo!” e eu olhava para a entrada do estádio, querendo ver a “nossa” bateria chegando , e nada!.

O jogo já estava quase no final do1º tempo quando começaram a chegar, cansados,  e foram tomando seus lugares, ainda sem tomar ciência do clima e da situação...eu em agonia...

Há que esclarecer que eles eram levados  de ônibus ”prá lá e prá cá”, onde houvesse jogos da Federal , e tinham de esperar terminar um para passar para outro e começar então o estardalhaço  para ajudar este novo jogo.

De repente começaram , para minha alegria, com a barulheira infernal dos surdos, tambores, caixas , chocalhos e outros mais e surpreendentemente, abafaram a outra bateria e tomaram as rédeas da torcida, com gritos e frases ao ritmo da bateria incitando as atletas. Sem exagero acho que eram perto de uns cem jovens. As outras baterias não eram menores e faziam, juntas, grande estardalhaço.

Por incrível que pareça, o time reagiu, diminuiu a diferença e começou a ganhar, para nosso delírio. A essa altura eu já acompanhava a torcida na gritaria e evoluções, e finalmente, por uma pequena margem de gols, GANHAMOS o jogo!!! Foi uma linda vitória e todos os jovens da arquibancada se abraçavam, alegres, pulando.

De repente, a coordenadora da Bateria e Torcida veio avisá-los que se preparassem para ir para outro local, novamente ajudar outro time da Federal. Percebi o cansaço da meninada e não resisti...

Eu estava bem perto da coordenadora e daí cheguei até ela, que falava, e lhe pedi o microfone. A jovem me olhou espantada e, meio automaticamente me entregou o microfone. O grupo de jovens que estava perto dela me olhava surpreso e daí, comecei a cumprimentá-los, dizendo que era deles a metade da vitória do time que estava perdendo antes deles chegarem, e que criaram ânimo com o incentivo deles, e diziam: “Coragem, moçada, parabéns! Vocês são muito importantes! Graças a vocês o time ganhou! Vamos em frente! Parabéns!”

Eles surpresos, me olhavam sorrindo.. Eu lhes acenei e voltei-me para acompanhar os assistentes que saiam da arquibancada, quando, inesperadamente, a bateria começou a tocar e daí, fui eu que me surpreendi...Num barulho ensurdecedor, eles começaram, ao ritmo da bateria, a clamar:

-  PUTA QUE O PARIU!!! É A MELHOR AVÓ DO BRASIL!!!

Eu ria, enquanto eles vinham me abraçar, me rodeando e pulando à minha volta. FOI LINDO !!! E a frase retumbando no estádio...

Como avó de cinco netos, foi o título mais importante que recebi, e do qual muito me orgulho...






terça-feira, fevereiro 09, 2016

Estão faltando mães neste país... (2)


   É isso mesmo... Lamentavelmente é o que podemos constatar com facilidade. Não em quantidade mas  em QUALIDADE,  estão faltando mães.É triste essa realidade e lamento causar desagrado em quem não entender ou não compartilhar meu ponto de vista, mas estou preparada : sou polêmica e atrevida, além de muito corajosa...

  Pelo abandono das crianças é que se veem tantos absurdos acontecendo em todos os lugares, não só em nosso país, mas no mundo.

  Jovens que abandonam as escolas ou são expulsos delas por mau comportamento ou total desinteresse pelo estudo, jovens que partem para as ruas por falta de limites em casa, e ficam expostos aos vícios mais sórdidos e companhias mais degradantes, resultando na total decomposição do caráter, no desespero dos pais, nas cadeias lotadas, praticando as ações mais inacreditáveis, como vemos nos noticiários diariamente, que estão se tornando a rotina, e que os governos, verdade seja dita, não tem como controlar ou não tem competência para realizar as reformas necessárias.

  Podem não acreditar, mas faltou MÃE lá atrás. Eu, como mulher, reconheço isso e que as mulheres me perdoem se não aceitam. Não adianta querer “dourar a pílula”...

  Acho, sinceramente que as mulheres devem aproveitar essa evolução. Temos grandes inteligências femininas desenvolvendo tarefas que só a  nossa sensibilidade executa com perfeição, ocupando magnificamente altos cargos nas mais variadas profissões, mas temos de ter o cuidado de saber dosar, “nem tanto ao mar, nem tanto à terra”...

  E aqui sugiro uma solução, que não é minha totalmente, mas que nos cabe muito bem...

Meio expediente no trabalho, meio em casa, isso para aquelas que têm filhos menores de dezoito anos. Depois, cumprida essa missão, é cuidar de se dedicar ao trabalho ou a qualquer outra coisa que tenha sonhado que lhe dê prazer ou pretenda fazer.                                      

O ideal, o verdadeiro, é que esse EXPEDIENTE EM CASA fosse compromisso do governo e que houvesse um ordenado para aquelas que atendem os filhos.

Utopia? Delírios de uma velha educadora? Pode ser...                                                

  Se não me engano na Alemanha destruída, após a 2ª. Guerra mundial, as mulheres recebiam ordenado para terem mais filhos e ficarem cuidando deles. E o resultado está aí, para todos verem, e não preciso entrar em detalhes. Gostem ou não, setenta anos depois superaram as nações vencedoras desse conflito e se tornaram uma das maiores economias e potencias do mundo, nos mais variados setores.  Será acaso?

  Bom, como não podemos alcançá-los tão cedo, podemos então, modestamente,  continuar recorrendo às avós...

  É o que nos resta a fazer e já estamos fazendo há tempos...

  Se for justo ou não, é assunto para outra conversa...

  O dia 26 de julho, que se aproxima, é dia de Santa Ana, avó de Jesus, e nesse dia  se comemora o DIA DAS AVÓS,  então...

          QUE VIVAM AS AVÓS!
  VIVAS ÀS AVÓS!


  Walkyria Gaertner Boz      Curitiba, 9 de julho de 2015.

Estão faltando mães neste país... (1)


  Que as mulheres me perdoem... Esta é uma verdade atordoante e impossível de se ignorar, mas é importante se refletir sobre isso.

A humanidade não consegue acompanhar a velocidade com que o mundo se desloca e vão ficando falhas irreversíveis pelo caminho que resultam na degeneração dos comportamentos mais primários e, a meu ver, uma das causas é essa falta nos lares.

Nos últimos oitenta anos as mulheres alcançaram uma evolução tão rápida que nem elas mesmas estão conseguindo administrar.  Repentinamente se descortinaram novos horizontes e possibilidades e, de repente, as mulheres que antes nem eram alfabetizadas ou podiam votar, conquistam uma liberdade quase assustadora. De domésticas submissas ao senhor marido todo poderoso a quem nem tinham o direito de escolher, chegam impávidas a todos os setores: são empresárias bem sucedidas, advogadas, engenheiras, médicas e atuam em todas as áreas profissionais.

Não que eu concorde, em absoluto, com a maneira como eram as coisas até então, mas o deslumbramento pelas novas fronteiras fez com que perdêssemos o foco principal e tão importante, primordial, que é o papel das mulheres no lar e na formação dos filhos, e o que se vê hoje em dia, na maioria das vezes, não é nada mais que o resultado dessa mudança abrupta de rota.

          Não sou retrógrada, só acho que, nessa ligeireza, se perderam as medidas e os limites.

          É maravilhoso ver os avanços e os resultados da participação das mulheres em todos os setores da sociedade e me congratulo realmente com as que conseguem chegar a tais níveis, mas alguma coisa ficou a desejar, tenho certeza.

É um tema que já tem sido muito debatido, mas não solucionado. Não se tem dado a ele a verdadeira importância, ou é muito profundo e audacioso para se mexer, implicando em reformas imensas, ou não se tem encontrado uma solução que satisfaça as partes: mães, filhos e sociedade.                                            
As mulheres, na ânsia de contribuir com mais recursos na manutenção da família, na ânsia de dar aos filhos todas as maravilhas do progresso e do consumismo, o que já demonstra uma necessidade de compensação, abriram mão de sua presença em casa e não tem mais consciência da importância disso e do tamanho do “rombo” que isso representa na formação do caráter e comportamento dos filhos.

          É lógico que há casos e casos... Muitos lares contam apenas com elas para sua manutenção, ou arcam sozinhas com o compromisso de filhos e casa, e ainda respondem por jornada tripla ou quádrupla de trabalho (esposa, mãe e dona de casa ou esposa, mãe, dona de casa e profissional). Heroínas...

          Mas a presença da mãe, quando os filhos estão na infância ou adolescência e precisam de uma orientação, é fundamental. É importante que eles sintam que ela ali está enquanto estão fazendo as tarefas escolares ou estudando para uma prova. Ela está ali, acompanhando, próxima, apoiando. Ela os leva nas reuniões e assiste as festas da escola, cobra desempenho escolar, impõe limites e constrói caráteres, dando-lhes noções de ética e comportamento,  formando cidadãos. Heroínas...

          Para isso, entretanto, é preciso que elas também tenham tido essa formação e tenham consciência disso. As jovens de hoje já não sabem da grande importância que é ser mãe e educadora ou não querem saber, e estão meramente preocupadas em ter um diploma e se assegurar numa empresa de renome, fazendo por merecer salários que lhes permitam uma vida de conforto e tranquilidade. Isso é importante e meritório também, mas...

          É aí, no caminho normal da vida, na mocidade, ante o desabrochar de um amor que leva fatalmente à possibilidade da maternidade, que aparecem as dúvidas nas jovens e elas se veem  perante uma decisão difícil –- criar ou não uma família—e o descompasso que se cria ante essa indecisão muitas vezes termina em separação ou ruptura de ideais, às vezes  levando a uma frustração permanente, lá adiante, pela escolha errada.

          A “encruzilhada” então é terrível e, talvez por isso, até hoje é relegada para o futuro resolver: ser mãe ou ser uma profissional de sucesso, eis a questão.                                                

          Essa escolha, entretanto, implica numa renúncia e isso é difícil se aceitar. Renúncia é uma palavra que não deveria existir e uma atitude que não se aceita com facilidade                                  

          Então fica tudo “embolado” e vai-se tocando assim: carreira atropelada, sem tempo para aprimoramento e pesquisas, e crianças entregues aos cuidados de empregadas ou a cursos sem fim, que lhes tome todo o dia e que encontram, à noite, mães cansadas que mal lhes dão atenção.        

          O comportamento das crianças nas escolas, hoje em dia, é o reflexo disso. Crianças agressivas, que demonstram contra os professores a falta que sentem dos limites e da  atenção em casa...

          Faltam escolas bem estruturadas e professores preparados para vencer esse desafio. O que se vê hoje são professores inseguros e desmotivados, assustados com o rumo que a educação vem tomando, com programas antiquados e cansativos, matérias sem objetivos bem definidos e  o magistério é atualmente uma das carreiras menos procuradas. Por quê?

          Daí, essa importante tarefa de atender as crianças é delegada às avós, quando existem, e felizes são os que ainda ficam aos cuidados delas...


          Walkyria Gaertner Boz Curitiba, 9 de julho de2015.

COMO ESTAMOS ?



Pois  é... estamos assim:
“ Se correr o bicho pega, se parar o bicho come...”
E agora?
 Se pararmos, continuando como estamos, assistindo o tempo passar e sofrendo com o desgoverno cada vez mais ineficiente, atabalhoado e inconsequente, com o país a deriva por tantos desmandos absurdos e mentiras mal alinhavadas, corremos o risco de cair no purgatório ( ou será mesmo no inferno? ) por não tomarmos as atitudes necessárias,  mesmo com muita dor , para  consertar os estragos e arrumar a casa de novo.
Teríamos como suportar mais três anos dessa “comédia bufa” aqueles que deveriam segurar as rédeas estão mais perdidos que nunca,...onde ninguém mais se entende, não sabendo como fazer para se manter  no pedestal e mais preocupados com isso do que acertar o rumo do governo?
Seria justo suportarmos essa vergonhosa peça por mais tempo, e ainda arcarmos com o brutal ônus que isso  acarretará para o povo?
Mas...se pararmos... o bicho come...
Por outro lado, quem teria a coragem de se atrever  a colocar o barco no rumo? Do jeito que as coisas estão levaremos anos para ter alguma luz no fim do túnel, e aquele corajoso que se atrever a isso certamente também errará muito,  mesmo tendo muito preparo e   as mais patrióticas das intenções,  escolhendo seus assessores com o maior critério, pois os desarranjos são muitos
                                               2

E  ficará também sujeito às críticas e ao descontentamento do povo, pelos remédios amargos que terá de aplicar...
Onde estará esse destemido cidadão? Será que existe alguém, com perfil e conhecimento, que se proponha a enfrentar essa tempestade que se anuncia, e corrigir doze anos  perdidos em erros incríveis, suportando as “pedradas” de um povo sofrido, revoltado e insatisfeito , cansado de  arcar com os rombos que os oportunistas que aí estão  fizeram no nosso país?
Acho que sei onde encontrá-lo...
Está correndo,  porque mesmo se correr...o bicho pega...
      
                                                Walkyria Gaertner Boz
                                              Curitiba, 03 de setembro de 2015

segunda-feira, dezembro 07, 2015

CADEIAS LOTADAS, ESCOLAS VAZIAS, HOSPITAIS À MINGUA...

imagem: http://www.mantenaterraboa.com.br/


                           Que está acontecendo ao nosso país? A inversão de valores, o descaso e abandono moral e ético que estamos assistindo e vivendo,  nos leva a crer que  fomos nós que sofremos um tsunami ou terremoto, e assistimos pasmados, incrédulos e inertes a uma transformação letal que nos está levando à desagregação completa e o nosso país ao caos irreversível.

                         É urgente que mudemos de atitude e entremos em ação. É inconcebível que nossos representantes políticos, cegos pelo vírus da corrupção desenfreada, não enxerguem  o tamanho do dano que estão fazendo à nação. Eles não têm filhos e netos?

                        É inaceitável que, de nossos presídios, fugidos ou libertos, em vez de cidadãos ainda socialmente recuperáveis e recuperados, saiam as bestas feras que temos  assistido diariamente nos noticiários, e é inaceitável que  todos nós, cidadãos que trabalhamos e arcamos com toda a carga de impostos e obrigações civis, estejamos reféns, inseguros e à mercê de quadrilhas, não só de malfeitores, mas de políticos inescrupulosos e bandidos de colarinho branco .

                        Ninguém mais se entende nesta terra? O que acontece  com nossas escolas? Por que as crianças também tem de pagar pela incompetência de nossas autoridades, quando só se fala em milhões e bilhões desviados com a maior desfaçatez? Que futuro estamos preparando para eles? Se a intenção é transformá-los em viventes apáticos e descrentes, estamos no caminho certo.
.
                        A monstruosa irresponsabilidade de nossos governantes , que não se envergonham dos assaltos bilionários ao povo , poderia transformar nossos  presídios realmente em instituições de recuperação, usando as fortunas roubadas do povo construindo neles enormes galpões com escolas de ofício.

                       Se houvesse uma escola de mecânica de automóveis e a oficina correspondente, todos os carros  públicos poderiam ser consertados a custo mínimo e se estaria dando aos presos oportunidade de trabalho e aprendizado. “Cabeça vazia é oficina do diabo” já diziam os antigos..

.                     Uma  escola e oficina de marcenaria poderia fazer e ou  consertar todas as carteiras de alunos, móveis, armários, e tudo o mais necessário para suprir as escolas que andam  vergonhosamente carentes de tudo em sua maioria.  Nossos professores  estão desmotivados e desvalorizados, numa sociedade que, hoje, não reconhece neles e na educação a única saída para a redenção do nosso país
.
                      E muito, muito mais se poderia fazer nesse sentido... O leque de possibilidades é enorme e as necessidades imensas...  Todos sabem..
.
                      E nossos hospitais? Que dizer das vergonhosas cenas que assistimos nos noticiários? Onde estão os bilhões roubados que deveriam e poderiam  estar empregados para o povo em atendimentos decentes, remédios e manutenção, tirando os aparelhos obsoletos e , por isso, de caríssimo custo em consertos, que passam mais tempo fora de uso, deixando a população meses à espera de um exame?

                      Nossos hospitais precisam urgente de tratamento, estão terrivelmente doentes de abandono, os médicos estressados e desiludidos, incapazes de solucionar problemas que fogem a sua alçada, e o povo, além de suas  doenças e tristezas, tem de assistir resignado e calado a toda essa vergonhosa situação.

                       Resignado e calado por quê?  POR QUÊ?

Walkyria Gaertner Boz                                         
Professora aposentada, mãe de família, cidadã preocupada
                                                       
Curitiba, 28 de maio de 2015                                

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos,
nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética..
O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.
Martin Luther King

       
                                


IDOSO E VOLUNTARIADO

imagem: http://seniorsinservice.org/

                                        
                           A velocidade com que o mundo caminha, de uns cinquenta anos para cá, especialmente, é algo que, para nós, vindos de meados do século passado, chega a ser assustador.

                         São tantas as coisas que surgiram, tantas que se tornaram obsoletas, tantas que evoluíram para melhor (ou, quem sabe, para pior) que precisamos estar atentos e ligados, se pretendemos tentar acompanhar esse processo acelerado.

                        Os idosos, que já se aposentaram e cumpriram sua missão de cidadão, que criaram os filhos com maior ou menor dificuldade e agora vêm os netos manusearem telefones celulares e computadores ainda na mais tenra idade com uma  naturalidade espantosa, como se já nascessem sabendo , para não ficarem à margem de toda essa evolução, precisam “ir à luta”  e tentar, de alguma forma, sobreviver e participar desse “vendaval”

                        Além de usarem todos os recursos modernos de preservação da saúde que os tempos atuais oferecem, é importante passarem a seus descendentes os valores morais e tradições herdadas de seus antepassados, que não podem ser desprezadas e precisam ser resguardadas pelas novas gerações como: caráter ilibado, caridade, compaixão, solidariedade, gentileza e tolerância, coisas que temos visto estar caindo de moda ultimamente.

                       Uma das maneiras mais simpáticas de se dar esses exemplos é participar com regularidade da vida social do seu bairro, frequentando, em sua igreja ou seu clube ou entre seus amigos, ações em benefício da comunidade, coisa que os mais jovens não tem tempo de fazer, pois vivem correndo atrás de cumprir etapas de suas empresas, vencer concorrências, numa competição desenfreada pela manutenção do “status” que desfrutam ou tentando chegar lá.
                
                        E assim que muitos netos hoje ficam aos cuidados de seus avós para que seus pais possam correr atrás dos seus sonhos, coisa que há cinquenta ou sessenta anos atrás não ocorria-- eram os pais que, em certa fase, eram acolhidos na casa de seus filhos, que deles cuidavam até o fim--. Aqueles que já fizeram isso ou não tiveram netos e não tem alguma atividade, ficam marginalizados e, se não tomarem providências, nada mais farão que aguardar na inércia a hora de partir.

                       Há muito o que fazer. Nessa velocidade com que andamos, muitas coisas ficam esquecidas ou subvalorizadas, até estranhas  a essas novas gerações. Uma delas é a compaixão e a solidariedade, coisa que temos obrigação de preservar e dar exemplo ao mundo
.
                       É isso que faz o VOLUNTARIADO, uma das ferramentas  mais poderosas do TERCEIRO SETOR:  uma proposta de amor e respeito à humanidade, que enfrenta, sem salários ou pagamentos, situações que, normalmente, são remuneradas a peso de ouro
.
                      Tudo é enfrentado com a consciência de sua responsabilidade de cidadão e foi assim que surgiu a REDE FEMININA DE COMBATE AO CANCER. Primeiro, cientes da necessidade de se ter aqui um centro de referencia no combate ao câncer, e com um grupo pequeno de senhoras, o grupo não esmoreceu e perseguiu seu objetivo até que conseguiu inaugurar o HOSPITAL ERASTO GAERTNER, dezoito anos depois, em 1972
.
                     Fizemos, em março deste ano, sessenta anos de atividade ininterrupta desde então e temos muito orgulho de nosso trabalho em favor dos nossos doentes. Somos perto de quatrocentos voluntários atualmente  que desenvolvem as mais variadas atividades dentro e fora do hospital, cooperando com a administração auxiliando na melhoria do fluxo, e dando suporte emocional aos doentes , orientando-os, acompanhando-os, ouvindo-os, tentando dar um tanto de conforto àqueles que nos procuram...

                     Creiam... é um trabalho que todos podemos fazer e o que recebemos em sorrisos e agradecimentos é tão gratificante que nos sentimos muito bem pagos e ainda devedores.

.                    A sociedade está cheia de setores necessitados de voluntários e todos podemos  escolher o que fazer, de acordo com nossas preferências e tendências e é importante, se temos saúde,  que não nos deixemos enredar pela apatia e pela preguiça.

                    Vamos, do nosso jeito, acompanhar o mundo em sua veloz trajetória! Vamos trazer bem firme para nossos descendentes nossas tradições de amor, compaixão e solidariedade!Vamos mostrar que ainda temos coração, cérebro e energia para tentar lembrar a esse mundo atual, tão maravilhoso em tecnologia, que ainda vale a pena sermos caridosos, carinhosos e...humanos. 
                    

                                                                   Curitiba, 18 de julho de 2014

Sobre MAIS MÉDICOS

imagem: uol.com.br
                     
                    É incrível...A quem será que estão tentando convencer com essa "manobra" de desprestigiamento contra os médicos brasileiros?

                    Sou leitora dessa revista há anos e ultimamente tenho me decepcionado com alguns articulistas. O artigo de Leonardo Attuch na edição 2285 me apresentou uma visão muito distorcida da minha, com respeito ao programa "Mais Médicos."

                   Sou uma mera cidadã preocupada com o caminho que as ações do governo vem tomando, mas penso que meu ponto de vista é compartilhado por milhões de brasileiros, por isso me atrevo a me manifestar.

                  Incrível como, de repente, aparece um programa espetacular, resolvendo toda a questão de saúde do país!

                 Há anos estamos vendo  e sabendo como andam as coisas por aqui, nesse setor, e é sabido que nossos médicos  não vão para o interior por causa da infraestrutura de nossos postos de saúde,  a grande maioria sem o mínimo de condições necessárias ao funcionamento, sem as adaptações e equipamentos indispensáveis, sem os medicamentos mais emergenciais, desmotivando os médicos até com ambientes indignos dos atendimentos mais elementares, além de salários incompatíveis e ultrajantes, o que faz nossos profissionais de saúde se recusarem a participar de tamanha ignomínia.

                E, de repente, se está consertando tudo! Será que a "varinha mágica" do governo vai funcionar finalmente? Será que querem nos esconder as verdadeiras intenções sob uma cortina de fumaça, humilhando nossos profissionais e trazendo para cá médicos estrangeiros incautos que não vêm a armadilha em que estão caindo?

               Temos médicos suficientes sim! Não acredito que algum recém formado bem pago, e tendo condições minimas de praticar a medicina se recuse a ajudar nosso país!

               Não acredito que essa parafernália toda dê prestígio ao governo, como prevê o articulista.

               Estão subestimando a inteligência do povo brasileiro ...


  Este  texto é uma carta que enviei à revista ISTO É , em 05/09/2013

domingo, maio 09, 2010

Amo Curitiba

Há algumas semanas o programa FANTÁSTICO divulgou uma pesquisa que elegeu nossa cidade, Curitiba, como a mais limpa do país. Sem falsa modéstia, merecemos esse título...
Estive no Rio há poucos dias e, com tristeza, constatei o quanto a cidade está “à deriva” em seus lugares mais críticos. Em São Paulo se vê a mesma coisa, imóveis abandonados e decrépitos, decadência nos cuidados mais elementares, prédios antigos e ainda imponentes mutilados pela ação inescrupulosa dos grafiteiros, que não respeitam a propriedade privada nem pública O centro da cidade sujo e triste, e o povo, certamente desolado e revoltado, tendo de conviver com isso.
Ocorreu-me que devemos, com urgência, tomar nossas providências antes que tais abusos proliferem por aqui... e já se pode ver que estão começando a ganhar força, em alguns pontos da cidade eles já começam a se espalhar.
Ocorreu-me também que os grafiteiros são artistas enrustidos e carentes e que precisam de apoio (???!!!). Precisamos dar-lhes um espaço adequado antes que “devorem” nossa cidade.
Há um dito popular que diz: “Todo artista gosta de estar onde o povo está”
Então, o que temos de fazer é deixá-los se exibir!
Por exemplo: poderiam construir um enorme painel, dezenas de metros no Parque Barigui onde eles poderiam “grafitar” à vontade e à vista do povo, e em outras praças também, extensos painéis verticais que,  de vez em quando, a prefeitura pintaria de branco, deixando tudo limpinho para eles sujarem de novo. Talvez aí a fúria artística desses “talentos” se atenuasse e todos sairiam ganhando, especialmente nós, curitibanos, que não gostamos nada desses caracteres pintados em nossas paredes.
Ah, também poderia haver até, para quem se interessasse, um desses “artistas” dando aulas sobre o significado de seus escritos e a tradução de seus sinais estranhos, não seria uma boa idéia? Eles estariam sendo valorizados e compreendidos. Vai ver que é isto que lhes está faltando!
Agora, há os que têm paixão pelas alturas e, não sei como, conseguem escrever nos pontos mais altos dos edifícios.
Isso seria fácil. Para os que gostam de desafio e de alturas, que tal colocarmos um desses painéis no alto do CCI ou de outros prédios bem altos e que provavelmente já estão na mira de nossos “heróis”? Ou ainda, colocar um painel bem chamativo no alto do Palácio do Governo? Ou no alto do quartel da Polícia Militar?
Acho que isso lhes atiçaria a adrenalina
Não é uma boa idéia? E livra-nos de muitos males...
 Tempos atrás se fazia uma mistura de mel e cola que se passava num papel e se colocava em pontos estratégicos da casa para pegar moscas. Pois é....

Walkyria Gaertner Boz
Curitiba, 16 de fevereiro de 2010

Mundo Cão

     
     Ele está ali quase todos os dias, sob sol quente ou friagem, na mesma esquina movimentada de Curitiba, pedindo esmolas Há muitos anos é o meu caminho de casa e nos tornamos familiares.

     Não é uma criança, é um homem jovem, aparentando por volta dos trinta anos, esquálido e sujo, deficiente físico. O que mais me incomodava era justamente aquela perna. Ele a traz enrolada em trapos e a coloca num pedaço de cano de PVC para poder andar e vai,  trôpego, abordando os motoristas que suponho, como eu, já o conhecem há tempos e diàriamente contribuem com suas moedas.
     Sou voluntária no Hospital Erasto Gaertner e, por esses caminhos do destino, temos lá o IBEG (Instituto de Bio engenharia Erasto Gaertner) que produz uma série de aparelhos e próteses, já sendo referência nacional,  concorrendo em igualdade com similares internacionais e, tempos atrás, tivemos numa de nossas palestras rotineiras de treinamento, uma técnica nos demonstrando em power point todos os produtos em disponibilidade e lá eu vi o que poderia ser a redenção do Daniel de Oliveira.

     Nem é preciso dizer que eu já lhe fiz várias perguntas e havia sim a possibilidade de conseguirmos, sem ônus para ele, uma prótese. Procurei todas as respostas sobre internamento, tempo de tratamento e remédios através do SUS e todas as informações foram alentadoras.

     Voltei para casa animada com a idéia e, na mesma esquina de sempre e sempre sorridente, lá estava ele cumprindo sua jornada de esmoleiro.

     Estacionei no meio fio perto e lhe fiz sinal para se aproximar. Lá veio ele, manquitolando, com aquele cano horrível até o joelho.

     Falei a ele de tudo, das possibilidades maravilhosas dele se livrar daquele horror, disse-lhe que tudo lhe seria doado, sem lhe custar nada e que beleza seria depois.

     Ele me ouvia sorridente e em silêncio, eu achando que passava para ele uma coisa ótima e,  não sei como , não o via participar do meu entusiasmo.

          -Então, Daniel ? O que acha disso?
          - Não sei, dona...preciso pensar...eu tenho família...preciso pensar...

     Ah, então o problema era esse...e eu nem tinha m,e lembrado disso! Que tremenda falha minha!

     Pensei ligeiro... mas isso eu certamente resolveria com o voluntariado! Tinha certeza que minhas amigas participariam desse programa   regenerador com  o mesmo entusiasmo meu!

     Falei-lhe disso, dizendo-lhe que, enquanto em tratamento nós daríamos um jeito de ajudá-los a passar, que eu tinha muitas amigas e etc...

     Ó Deus, ele continuava impassível, sorrindo.Ao fim,  disse:

          -Ó, dona , eu vou pensar...eu vou pensar...

     E saiu, claudicando, cuidar dos outros “fregueses” que paravam no sinaleiro.

     Que frustração.. .dei partida ao carro e me alinhei , esperando o sinal abrir. Ele ainda me deu com a mão e segui meu caminho. Eu falhara.. não fora convincente o necessário para entusiasmá-lo...

     Será que o pressionara muito? Será que ele se assustou com a idéia? Afinal, afora o nosso velho contato superficial de nos vermos naquela esquina, ele nada sabia de mim e nem eu dele... Realmente ele estava certo... precisava pensar muito...

     Deixei o tempo correr e, sempre que ali passava comparecia com minhas moedas e ele sempre me cumprimentava sorridente, agora com um sorriso mais amigável, mas só isso.

     A idéia ainda não amadurecera, decerto...

     O tempo passou e chegou um dia em que eu voltava mais cedo para casa e tinha algum tempo livre. Na mesma esquina lá estava ele e sua rotina. É hoje! disse para mim mesma. Chega de espera! Com certeza ele está constrangido em vir me falar,  pois tudo isso lhe deve ser muito doloroso.

     Encostei o carro e lá veio ele ao meu encontro.
Agora ele tinha arrumado uma bicicleta velha onde apoiava a perna doente e a vinha manobrando até seus “contribuintes”.

     Fiquei a imaginar a dor que ele devia sentir para arrumar aquela “catraia”   para poder se locomover.  Desumano...Insuportável.

          -Então, Daniel? Já pensou? Já se passou bastante tempo...

     Ele parou ao lado do meu carro e ali já não sorria. Ví tristeza em seus olhos.

          -Então meu amigo? Vamos jogar fora essa sucata?

          -Não posso, dona...não posso...

          -Que é isso, Daniel? Está com medo? Já lhe disse...

     Ele fez sinal com a mão para que eu parasse.

          -Não, dona! Não é medo! Eu sou muito grato... mas não posso...

          -Mas por que? Você não vê quanta coisa boa vai lhe acontecer depois disso?

          -Vejo, dona...vejo...mas vai acontecer muita coisa ruim também...

     Olhei para ele surpresa. Como?

          -Olha, dona, eu tenho família...

          -Eu sei, você já me disse! Mas eu também lhe disse...

     Novamente ele me fez sinal para parar.

          -Eu sei, dona, tudo que a senhora vai me dizer.Tudo que ficou martelando na minha cabeça todo esse tempo, mas eu não posso mesmo...Eu não tenho leitura...não sei fazer nada , só isso.Desde pequeno fui ensinado a fazer o que faço e nada mais...mas tenho família. Se eu ficar são, como vou arrumar dinheiro? Quem vai me dar trabalho se não sei fazer nada, nem ler? Não vou ter cara de pedir esmola! Vou perder o “ponto”!

     Eu mal o via, tinha os olhos embaçados por lágrimas que teimavam em cair. Ele também piscava muito...

          -Deus que abençoe a senhora, dona, mas não tem  jeito...tudo bem...paciência...e a senhora vá com Deus!

     Virou a bicicleta e foi se afastando, decerto para eu não ver sua emoção.

     Esperei mais uns instante para me recompor e saí, mas naquele instante acho que não estava com Deus, como ele me desejara...

     Estava revoltada com o mundo, com toda a impotência que me amarrava e me tornava tão inútil quanto ele por não estar em minha alçada dar fim a tamanho sofrimento...

Walkyria Gaertner Boz
Curitiba, 09 de maio de 2010

terça-feira, fevereiro 16, 2010

DESENCANTO




Poucos dias atrás estive no Rio e, enquanto o ônibus avançava vagarosamente em direção à Rodoviária num trânsito congestionado pela Avenida Brasil, minha mente voltava devagar também muitos e muitos anos atrás e meu coração se confrangia com o que via...

Morávamos em Bonsucesso e meu pai, que nessa época trabalhava na ponte do Galeão, apaixonado por obras, levava-nos aos domingos apreciar as obras da Avenida Brasil da qual ele falava com entusiasmo e eu lhe perguntava: “Porque uma rua tão larga?”

“Ah, filha, em pouco tempo essa avenida estará cheia de carros! Vai ser uma ‘veia’ importante de chegada e saída de produtos do país e, depois, estará perto do porto. É uma estrada muito importante...”

Aos poucos a estrada, que cortava uma faixa quase inabitada, foi se tornando um centro industrial e fábricas e empresas de porte ali se instalaram. A Avenida Brasil, em poucos anos, era um reflexo do progresso brasileiro, com seus caminhões enormes demandando a via Dutra e dela chegando.

E agora? Que aconteceu com a nossa cidade? A Avenida Brasil é o cartão postal ÀS AVESSAS do Rio! Que triste é se chegar por ali e ver a degradação e a sujeira que ela vive hoje. Os prédios e galpões enormes em ruínas! Tudo abandonado como se ali tivesse havido uma guerra – e me parece que HÁ mesmo...

Os governantes passam por ali? Claro que não...



Vão para o Galeão de helicóptero e dali pegam os jatos para o mundo todo e ainda ficam comemorando o Rio ganhar para sede de uma Olimpíada... A irresponsabilidade é tal que não vêm que o Rio não vai precisar APENAS de uma mera maquilagem e sim de uma CIRURGIA PLÁSTICA extensa.

A Rodoviária está obsoleta, faltam-lhe os recursos da tecnologia moderna. Se ela resolvia há cinquenta anos, agora está decadente. E o lugar é ótimo. Num ponto de fácil acesso para todos os lados, tem muito espaço para crescer ali mesmo, em meio a dezenas de galpões abandonados ou em desuso do Porto do Rio. Seria o sonho de um bom arquiteto transformar aquele espaço degradado em uma estação de passageiros moderna e funcional, com tudo que os tempos de hoje exigem.

Pode ser que esses planos já existam (seria muito bom), mas eles já deveriam estar sendo executados DESDE ONTEM para dar tempo para as Olimpíadas e mais, estar a contento do povo do Rio que merece isso.

A Avenida Brasil precisa ser revitalizada e deixar de expor à visão dos visitantes a miséria do abandono e o “parque de diversões” dos grafiteiros. E há muito que a prefeitura pode fazer, reaproveitando e restaurando as antigas construções transformando-as em Postos de Saúde, Escolas de Ofícios (muitas), Ginásios de Esportes (muitos e muitos!), Albergues, Casas de Apoio, Restaurantes Populares com refeições a preço simbólico, Mercados Populares, Banheiros Públicos e tantas coisas mais que todos sabem que podem ser feitas com muito menos gasto do que as fortunas que os governantes escondem nas meias e cuecas. Falta vontade política e é importante manter o povo na miséria e na ignorância... e à mercê do tráfico de drogas...

Até quando os CARIOCAS DE VERDADE aguentarão isso?

Vão aceitar ser humilhados com a visão constrangedora do Rio, abandonado em tantos setores e em tantos lugares e aceitar uma “maquilagem” sem vergonha sobre tudo o que nos envergonha e aguentar as críticas corretas dos turistas e visitantes do Carnaval e das próximas Olimpíadas, que não entendem os contrastes chocantes que se lhes apresentam?

Que me perdoem os iludidos...

Esse é apenas o desabafo de uma meio-carioca, visionária, que se criou no Rio das “cadeiras nas calçadas” e dos passeios de barca a Paquetá, dos piqueniques no Parque da Cidade e dos domingos na Quinta da Boa Vista...

“Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A presença distante das estrelas!...”
(Mario Quintana – Espelho Mágico)


Walkyria Gaertner Boz
Curitiba, 16 de fevereiro de 2010