Desde quando
minha filha Claudia era adolescente, pelos idos de1980, e abandonou o piano pelo Handebol, é que a acompanho em treinos e jogos e dai a entender
um pouco das regras e me tornar uma torcedora foi um passo. Nesse tempo, o time
do Paraná, numa disputa nacional com ela participando, trouxe o troféu para os
paranaenses, num jogo disputado em Belém do Pará. Cláudia também, já formada em Comunicação Social, resolveu então
cursar Educação Física e, depois de alguns vai-e-vem, já casada, formou-se e,
desde então trabalha como professora nessa área.
Esse gosto pelo esporte ela passou para a
filha, Jessica que também desde pequena mostrava gosto por praticar esportes e
optou também pelo handebol. Aí foi a vez da Cláudia acompanhá-la aos treinos e
jogos. Jessica escolheu estudar Direito e, entrando na Universidade Federal já
se enturmou com os desportistas e passou a fazer parte do time de handebol, tendo sido convocada para participar dos Jogos Jurídicos
Estaduais, que, naquele ano de 2014, se realizaram em Guarapuava. Fui convidada
a acompanhá-las e não me fiz de rogada: queria ver o desempenho da minha neta e
assistir o desenvolvimento das disputas.
Gostei
muito, fui a todos os jogos , ficava perto da torcida e me encantava com o
entusiasmo e vibração da moçada torcendo
pelos seus times. Havia todo um ritual,
tinham uniformes distintos como de praxe, muitos ditos com que incitavam
o próprio time ao ritmo da bateria e uma
coreografia alegre que usavam durante o
barulhão da bateria e dos gritos de ordem.
Gratificava-me
ver tantos jovens envolvidos e empolgados com esporte e não em brigas e drogas
como se vê nos noticiários de TV e no diuturno das cidades.
Torcia junto
e também gritava aplaudindo os ataques e
os gols. Isso aconteceu até este ano, quando, novamente, as acompanhei aos
Jogos Jurídicos, dessa vez, em Maringá. Cláudia e eu sempre ficávamos em hotéis e a Jessica nos alojamentos para os
atletas, com todos os jovens
No sábado,
17 de junho, as atletas da Federal foram
para a semi final, enfrentando um time de Maringá. Normalmente entravam todos
juntos, era bonito de ver a chegada da Torcida e Bateria mas, naquela
manhã, não estavam ali porque começaram
antes, participando deum jogo dos meninos, num outro estádio, e chegariam mais
tarde.
A Torcida e
a Bateria do outro time aproveitaram e caíram firmes sobre as nossas jogadoras,
com gritos de ordem e epítetos não muito elegantes, e percebí que elas
sentiram, porque amoleceram e deram espaço para as adversárias que começaram a
se impor.
“Meu Deus, e
agora? Elas vão perder esse jogo!” e eu olhava para a entrada do estádio,
querendo ver a “nossa” bateria chegando , e nada!.
O jogo já estava quase no final do1º tempo
quando começaram a chegar, cansados, e
foram tomando seus lugares, ainda sem tomar ciência do clima e da situação...eu
em agonia...
Há que
esclarecer que eles eram levados de
ônibus ”prá lá e prá cá”, onde houvesse jogos da Federal , e tinham de esperar
terminar um para passar para outro e começar então o estardalhaço para ajudar este novo jogo.
De repente
começaram , para minha alegria, com a barulheira infernal dos surdos, tambores,
caixas , chocalhos e outros mais e surpreendentemente, abafaram a outra bateria
e tomaram as rédeas da torcida, com gritos e frases ao ritmo da bateria
incitando as atletas. Sem exagero acho que eram perto de uns cem jovens. As
outras baterias não eram menores e faziam, juntas, grande estardalhaço.
Por incrível
que pareça, o time reagiu, diminuiu a diferença e começou a ganhar, para nosso
delírio. A essa altura eu já acompanhava a torcida na gritaria e evoluções, e
finalmente, por uma pequena margem de gols, GANHAMOS o jogo!!! Foi uma linda
vitória e todos os jovens da arquibancada se abraçavam, alegres, pulando.
De repente,
a coordenadora da Bateria e Torcida veio avisá-los que se preparassem para ir
para outro local, novamente ajudar outro time da Federal. Percebi o cansaço da
meninada e não resisti...
Eu estava
bem perto da coordenadora e daí cheguei até ela, que falava, e lhe pedi o
microfone. A jovem me olhou espantada e, meio automaticamente me entregou o
microfone. O grupo de jovens que estava perto dela me olhava surpreso e daí,
comecei a cumprimentá-los, dizendo que era deles a metade da vitória do time
que estava perdendo antes deles chegarem, e que criaram ânimo com o incentivo
deles, e diziam: “Coragem, moçada, parabéns! Vocês são muito importantes!
Graças a vocês o time ganhou! Vamos em frente! Parabéns!”
Eles
surpresos, me olhavam sorrindo.. Eu lhes acenei e voltei-me para acompanhar os
assistentes que saiam da arquibancada, quando, inesperadamente, a bateria
começou a tocar e daí, fui eu que me surpreendi...Num barulho ensurdecedor, eles
começaram, ao ritmo da bateria, a clamar:
- PUTA
QUE O PARIU!!! É A MELHOR AVÓ DO BRASIL!!!
Eu ria,
enquanto eles vinham me abraçar, me rodeando e pulando à minha volta. FOI LINDO
!!! E a frase retumbando no estádio...
Como avó de cinco netos, foi o título mais importante que recebi, e do qual muito me orgulho...